Brasil

Pescadores do Rio Piracicaba recebem apoio após nova mortandade de peixes

Pescadores impactados pela terceira mortandade de peixes no Rio Piracicaba em menos de 20 dias terão acesso a juros reduzidos. Em resposta à crise, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo reduziu a taxa de juros anual da linha de crédito do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) de 5% para 3%. Para ter acesso a essa taxa especial, os pescadores devem procurar a Casa da Agricultura do município.

José Benedito Veronese, morador de Tanquã, nas margens da represa do Rio Piracicaba, destacou que as colônias de pescadores estão buscando ajuda ativamente.

“Estamos tentando entrar com auxílio pelas colônias dos pescadores, para ver o que nós vamos conseguir de ajudar para nós. Então agora estamos aguardando. Inclusive, existem duas colônias trabalhando em cima disso e vários órgãos aqui também, em Piracicaba, trabalhando em cima disso para ver se conseguem um auxílio para nós pescadores aqui na região.”

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb -SP) estima que mais de 30 famílias dependem diretamente do rio para o próprio sustento. A redução dos juros visa aliviar o impacto econômico sobre essas famílias que têm no Rio Piracicaba a principal fonte de renda. 

O episódio mais recente de mortandade de peixes foi registrado em 22 de julho e está sob investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e da Cetesb.

Claudio Ademar, piscicultor na região do Submédio São Francisco e Diretor do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), explica alguns fatores que podem ter contribuído para a morte dos peixes na região. 

“Existem vários motivos que podem levar a esse excesso de morte de peixe em uma determinada região do rio. Um deles é o excesso de matéria orgânica, que é por falta de tratamento do esgoto doméstico. [Outro motivo é] quando você tem uma elevação de água, um aumento de vazão de água muito grande, de forma repentina em áreas que têm o barramento por usinas hidrelétricase, ou escassez de chuva também, quando o rio abaixa demais. Aí aquela água barrenta pode subir, trazendo matéria orgânica que está acumulada no fundo do rio, provocando mortalidade.”

De acordo com o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do MP, Ivan Carneiro Castanheiro, esta nova mortandade, registrada próximo à Rampa dos Pescadores na Avenida Beira Rio, em Piracicaba (SP), difere dos casos anteriores. A morte dos peixes desta vez é decorrente de resíduos lançados em um ponto chamado ‘Rego da Boyes’, localizado a cerca de oito quilômetros do local do primeiro incidente ocorrido em julho.

Um boletim de ocorrência foi registrado por suspeita de crime ambiental. Em nota a Cetesb informou que “durante a madrugada de 23 de julho, técnicos da Cetesb realizaram uma vistoria, coletando amostras de água e de peixes no Rio Piracicaba. Foi visto um único ponto com mortandade de aproximadamente uma dezena de peixes. Além disso, uma inspeção foi feita na Estação de Tratamento de Água (ETA) Luiz de Queiroz, da SEMAE, onde foi constatado o lançamento irregular de efluentes. Novas amostras desses efluentes foram coletadas para análise. Assim que a análise dos laudos for concluída, a Companhia Ambiental adotará as medidas administrativas necessárias. A Companhia Ambiental segue atenta às condições ambientais do Rio, realizando o monitoramento da qualidade da água e realizando ações de fiscalização das fontes licenciadas”.

Importância da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba

A Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba é uma região vital, com uma área de 5.465,38 quilômetros quadrados, representando cerca de 1% do território de Minas Gerais. O rio, que possui 241 quilômetros de extensão, nasce no município de Ouro Preto e segue até a divisa entre Ipatinga e Timóteo, onde se encontra com o Rio Doce. Além disso, recebe a descarga de quase uma centena de córregos e ribeirões ao longo do seu curso. Marcos Gennaro, engenheiro agrônomo formado na ESALQ-USP, fala sobre o impacto ambiental do rio.

“É difícil até de mensurar, a curto prazo, em toneladas do que foi retirado. Mas o impacto mesmo a gente vai ver nos próximos anos, e não são dias, são anos mesmo. Infelizmente, esse impacto vai demorar aproximadamente uma década para se estabilizar.”

A bacia compreende 21 municípios e abriga aproximadamente 800 mil pessoas, destacando-se como uma região essencial, tanto para a biodiversidade quanto para as atividades econômicas e sociais locais.

Pixel Brasil 61

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